11 de julho de 2012

O nascimento de uma nação (1915)


O nascimento de uma nação é considerado o primeiro épico que estabeleceu os padrões narrativos do cinema. Não é um filme a ser assistido de qualquer jeito, como se tivesse “teias de aranha”. É um filme para ser apreciado, estudado e criticado de acordo com os conhecimentos que temos sobre a Guerra da Secessão (1861-1865) e sobre a origem da sociedade secreta Ku Klux Klan, que hoje, além de atormentar a vida dos negros, persegue também judeus, imigrantes e católicos.

Além de retratar os acontecimentos da Guerra Civil americana (outro nome com o qual é conhecida), são mostrados os bastidores do surgimento da Ku Klux Klan, sociedade formada por “nobres brancos” do Sul para conter a histeria dos negros após a abolição da escravatura.


O filme tem mais de 180 minutos de duração (ufa!) e, antes dele, não houve um filme como esse na indústria americana.  O clássico é dividido em duas partes, tudo de maneira bem organizada, com relatos íntimos e sucessão de eventos históricos reconstruídos.
Na primeira parte, são apresentados os personagens participantes dos conflitos da Guerra: uma família do Norte, cujo pai é um senador renomado com três filhos, sendo dois homens e uma jovem, todos vivendo em uma região que concordava com os ideais do atual presidente, Abraham Lincoln, para libertação dos negros da escravatura; e uma família do Sul, região que não concordava com a abolição da escravatura, cujo pai é um médico com cinco filhos: duas moças e três rapazes. A guerra começa, pessoas perdem seus entes queridos, e o Norte vence. Isso fez com que os negros conquistassem direitos que antes pertenciam aos brancos, como o voto, por exemplo.

A segunda parte apresenta a reconstrução do Sul, agora com os negros libertos e colocando seus direitos em prática. Eles conseguiram eleger um mulato como vice-governador da Carolina do Sul, impedindo que os brancos votassem. No filme, os negros são retratados como pessoas sem inteligência e sexualmente agressivos com as mulheres brancas. Eles, na verdade, são atores brancos pintados com tinta preta, mas não dá para notar a diferença por causa dos traços da raça branca. Percebendo que os negros estavam saindo do controle, um ex-coronel do Sul resolve fundar uma sociedade de homens vestidos e encapuzados de branco (parecendo fantasmas!), a Ku Klux Klan .

O diretor e produtor, D. W. Griffith, foi um dos roteiristas do filme, o qual foi considerado por muitos como a visão branca dos acontecimentos da Guerra Civil; nele, a Ku Klux Klan foi reconhecida como "a salvadora do Sul". Por causa desse filme, a sociedade secreta que antes estava adormecida (surgiu por volta de 1867 e deu “uma folga” no início do século XX) ressurgiu e utilizou esse filme no recrutamento de novos membros até a década de 1970. Por mais que o filme tenha feito um grande sucesso na época do lançamento, este foi considerado racista por retratar os negros daquela forma. Isso fez com que o filme fosse banido em várias cidades, e o diretor, para se retratar, produziu Intolerance (1916).
D. W. Griffith
No filme, Griffith traz as inovações de seus trabalhos anteriores, como os cortes intercalados e os close-ups. Se os fatos do filme são verdadeiros, não sei, nem posso afirmar alguma coisa, mas assistir a O nascimento de uma nação é uma boa experiência para quem curte filmes clássicos como este.  Ele é ótimo para ser analisado e ser usado na elaboração de trabalhos científicos.
Ao assisti-lo, conclui que ... E o vento levou (1939) retrata a Guerra Civil de maneira mais romântica, ao contrário do filme de D. W. Griffith, que considero bem mais realista. Como disse no começo, é um filme para ser apreciado a cada minuto, possibilitando a colocação de críticas de acordo com os conhecimentos históricos adquiridos sobre o evento. O filme pode ser considerado ofensivo, mas é uma obra-prima do ponto de vista técnico.

Um comentário:

Fabiane Bastos disse...

Assistimos esse lá no DVD, Sofá e Pipoca é de um tema nojento, mas com certeza um marco da 7ª arte.